Os países do BRICS propuseram formalmente que a Organização das Nações Unidas (ONU) assuma a liderança na criação de normas internacionais para a governança da inteligência artificial. A iniciativa busca equilibrar o domínio tecnológico atualmente concentrado em grandes corporações e algumas potências ocidentais. A proposta foi apresentada em reunião recente do bloco, reforçando a ideia de uma governança multilateral e inclusiva. O objetivo é garantir que a IA evolua com base em princípios éticos e de soberania. O anúncio gerou repercussão positiva entre países em desenvolvimento.
A coalizão BRICS, formada por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, defende um modelo regulatório centrado nos direitos humanos e no desenvolvimento equitativo. Representantes dos países afirmaram que a IA não pode ser controlada apenas por interesses privados ou agendas regionais. A proposta visa democratizar o acesso à tecnologia e à definição de padrões. Também sugere a criação de um conselho multilateral de especialistas dentro da ONU. O tema foi incluído nas resoluções finais do encontro.
Segundo o grupo, há urgência em definir regras globais para evitar abusos, discriminação algorítmica e vigilância excessiva. A proposta também menciona a necessidade de proteger dados de cidadãos e impedir monopólios tecnológicos. O BRICS defende ainda o apoio a países com menor infraestrutura digital. Para isso, sugerem mecanismos de cooperação técnica e transferência de tecnologia. A iniciativa é vista como alternativa ao modelo liderado por EUA e União Europeia.
A ONU ainda não se pronunciou oficialmente sobre a proposta, mas observadores destacam que a entidade vem ampliando sua atuação no tema. A Assembleia Geral aprovou em 2023 uma resolução sobre o uso ético da IA. A criação de um comitê intergovernamental permanente vem sendo discutida. A proposta dos BRICS pode acelerar esse movimento e ampliar sua legitimidade. A governança da IA se tornou prioridade nas agendas multilaterais.
Especialistas avaliam que o protagonismo do BRICS pode fomentar uma regulação mais plural e contextualizada. A inclusão de países do Sul Global no debate sobre IA é considerada essencial para evitar novos ciclos de desigualdade tecnológica. A proposta também reacende discussões sobre soberania digital e independência tecnológica. O foco está em garantir que a IA sirva ao bem comum e não apenas a interesses comerciais. A disputa por quem dita as regras da IA está apenas começando.
Com essa iniciativa, o BRICS tenta moldar a geopolítica da inteligência artificial a partir de uma lógica multipolar. A proposta representa mais do que regulação — ela simboliza uma nova ordem digital em construção. A liderança da ONU é vista como garantia de neutralidade e representatividade. Se aceita, a proposta poderá redefinir o papel de organismos multilaterais no século XXI. A governança da IA está prestes a sair dos laboratórios e entrar nas salas da diplomacia global.
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